Encontra-se nesse livro doze poemas escritos em anos anteriores, dois apenas intitulados. Também há o registro de algumas ilustrações, uma nota na orelha do livro que contextualizava os poemas, uma apresentação, uma pequena biografia, uma fotografia e uma pequena errata.
Na última página do livro, há uma divulgação da Folha Cultural Pataxó, cujo número referendava o Dia Internacional da Mulher, juntamente com a Coletânea Poética O Pão e a Fome.
Nesse livro, diz um poema sem título:
“Quase perdi o entusiasmo,
E quase por um acaso
não consigo mais ver o que está a minha frente.
Perdi os óculos e a luta de frente.
Indo embora, não resta mais que o marasmo.
Um homem armado parou a Perimetral
Puxou uma pistola semi-automática
E surrou o motorista de um ônibus
Por ter encostado em seu carro velho.
Todos olhavam como eu, pasmos!
Mas não importa mais,
O caminho livre já está, livre!
Como livre são as grades que nos aprisionam.
Cansados, perplexos cada qual em seu caminho
Estúpido de suor e sem sentido,
Cheio de leis que nos tiram a vida,
Que nos tira a força de reagir e a capacidade de lutar.
Não quero a revolução morta, dos heróis mortos,
Já velei o meu enterro.
Quero seguir no leito e na força do rio
No meio do povo
Gritando com minha própria voz rouca
A canção das guerrilheiras apaixonadas
Não pensem que acabou
O coral dos jovens, dos velhos, das crianças.
Quero ver minha filha
Ou meu filho nascer antes do pôr do sol
Desfazendo as tranças da noite
Que esses homens fizeram para esconder teus cabelos.
Não me importa a hora, tem de ser agora!
Violentemos as raízes dos sonhos que estão no travesseiro
Não dá mais para segurar o dia terminar
Porque a vida não para de fazer a história pulsar
dentro de nós”.