sexta-feira, 29 de julho de 2011

Parabéns ao Poeta Moduan Matus

Moduan Matus comemora seu aniversário no dia do escritor e lança  três livros



Na última segunda-feira (25/07), foi dia do escritor brasileiro e, para comemorar, muita poesia. Foi realizado, no espaço Cultural Sylvio Monteiro, o “Encontro de Poetas e Afins”.   O grande destaque dessa noite de festa foi o lançamento simultâneo de três livros do poeta e também aniversariante, Moduan Matus. O presente foi em dose tripla. O poeta lançou os livros: “A Palavra”, “Quintais Tropicais” e  “Poema Caótico”.
Aos cinquenta e sete anos, com dezessete  livros publicados, o poeta que enfeitava as portas de estabelecimentos comerciais  da Cidade de Nova Iguaçu com  sua poesia a giz, lançou seu primeiro livro de poemas visuais, “A Palavra”. Essa nova manifestação literária caracteriza-se por valorizar a imagem. A poesia é reduzida ao mais simples. É uma composição harmônica da palavra que permite o ver e sentir da poesia. Em "Quintais tropicais" o autor nos presenteia com haicais –  poema de origem japonesa representado em poucas palavras –  . “A intenção foi tropicalizar esse poema de origem japonesa. Colocar a realidade daqui em três linhas. Conta Moduan sobre esse livro de haicais abrasileirado.

Para quem nunca estudou letras no meio acadêmico, Moduan Matus mostra que domina a poesia. “Eu nunca estudei letras. Comecei a estudar contabilidade mas não conclui. Tudo que sei sobre poesia aprendi devorando livros.” Revela. 
O terceira obra, “Poema Caótico”, foi escrito  de forma coletiva, por  duzentos e sessenta e oito autores no decorrer de dez anos, organizado por Moduan e Sil.
O encontro reuniu muitos escritores da região. Estavam lá: Lilian Tabosa, Eudis Pestana, Henrique Souza, Marujo, Sil, Marcelo França, Silvio Silvícula, Cristiano Mello de Oliveira, Marcio Rufino e outros.

Tribos de poetas

Na região da Baixada Fluminense a militância literária é forte. Além do movimento Baixada Literária que transforma a região em uma grande biblioteca, existem  coletivos que promovem encontros regularmente. A “Gambiarra Profana” de Belford Roxo, por exemplo, existe há onze anos e conta atualmente com a participação de vinte e três poetas que valorizam a produção textual coletiva.  Além  da "Gambiarra Profana" existem o “Pó de poesia” e o “Fulanas de Tal” que é formado somente por mulheres.

O poeta Marcio Rufino, da Gambiarra Profana recitamdo um de seus poemas.

Moduan Matus comemora 57 anos em ritmo de poesia

Lilian Tabosa recita um de seus poemas



Postagem original: http://culturani.blogspot.com/2011/07/parabens-ao-poeta_27.html

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Rumo à solidão




Não diga o que eu devia fazer.
Só escute, se for capaz, as minhas palavras mudas.
Ouça, se for capaz, a dor que eu sinto sem gemer.
Sinta, se for capaz, o segredo que eu tenho sem nunca sabê-lo.

Não diga que tudo irá dá certo
sem antes me apontar o caminho mais curto para a solidão
e não diga
que a solidão não existe,
pois é, na verdade,
o próprio caminho a se trilhar.

Eu já não tenho mais nada a fazer
a não ser atravessar essas portas fechadas
e chegar ao outro lado
com aquela falsa sensação de vitória.

E não há uma vitória sem uma gota de lágrima
mesmo que seja invisível.
E não há uma gota de lágrima sem uma dor
mesmo que seja fraca.
E não há uma dor sem uma mágoa
mesmo que seja esperada.
E não há mágoa sem a morte de qualquer coisa que se amava
mesmo que não seja física.

E o meu próprio-amor-próprio
é a invisível e fraca espera do não físico
do abstrato e diluído no espaço
que está por trás daquilo que é sólido.

E o que é a solidão
a não ser esse ser não sólido
que vive a nos espreitar
num canto da sala?

Mas não há um amor-próprio sem um egoísmo
mesmo que seja domado.
Mas não um egoísmo sem uma raiva
mesmo que seja calma.
Mas não há uma raiva sem um desejo de destruição,
mesmo que seja tolerante
de tudo aquilo que é humano.

E a minha tristeza
é o tolerante e calmo domínio
que tenho sobre tudo aquilo
que é desumano em mim.

E o que é o caminho
a não ser essa estrada insegura e torta
sobre o tapete colorido da sala?

Não esperava essa agressividade
em tua cara.
Não contava com esse pouco caso
em teus olhos.
Não aguardava essa arrogância
em tua casa.
Não pressentia essa decepção
em meu peito.

Agora deixe despedir-me de tudo aquilo
que é vibrante e claro em sua essência
para que não haja nenhuma saudade
do que eu não tenha visto nesta descendência.

E assim sigo rumo à solidão
que não é depressão
e sim o som de uma densa música
e seu refrão.
E assim sigo rumo à solidão
que não é suicídio
e sim a esperança de uma longa felicidade
e seu início.


Marcio Rufino
Todos os direitos reservados

quarta-feira, 20 de julho de 2011

APENAS


                                                                      APENAS

Foi apenas um retrato que ficou na parede
Esquecido no tempo
Sufocado pelo vento
Que o dia levou

Foi apenas um olhar tímido
Que ficou perdido na puberdade
Desiludido na cidade
Que um dia sangrou

Foi apenas um braço que acenou
E ficou estendido
Porque ninguém se importou

Foi apenas uma vida que passou
Que um dia partiu para além do horizonte
Uma vida que nada levou

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Monstro Teimosia




A vida é uma ilha flutuante
Sem porto fixo, sem norte.
Quanto mais se nada em sua direção
Mais ela foge.
O desejo vive nessa ilha.
Sedento, faminto, lepros.
Cego, banguela, horroroso.

Do alto mar já se vê o Morro do Pensamento
Onde as asas de Deus protegem a todos nós.
Atrás do morro vive um monstro bonzinho
Que estrangula
Mas só aperta e não machuca.

É o monstro Teimosia
Animal feroz que come as próprias patas
Para escapar da armadilha.
As patas são digeridas e defecadas.
Depois renascem firmes
Com as garras ainda mais afiadas.

E em todo esse emaranhado
Minha mais nobre atitude
Foi em cada lugar que passei ter deixado
Um pouco de meu pecado e de minha virtude

Monstro Teimosia que conta o irrevelável.
Monstro Teimosia que se transforma em noite
E nos banha de prazer e mistério.
O beijo que não se deu.
O sexo que nunca aconteceu.

Com o vento eu corro, pulo e rastejo.
Em qualquer brejo, em qualquer engenho.
Eu sopro em qualquer lugar
Mas ninguém sabe de onde eu venho.

E em todo esse emaranhado
Minha mais nobre atitude
Foi em cada lugar que passei ter deixado
Um pouco de meu pecado e de minha virtude.

Teimosia inexorável, soberba, sonhadora.
De gosto louco, bêbado, exótico.
Conivente com monstros depravados
Que se acariciam
Em frente à gigantesca tela plana de cinema erótico.

E quando as ondas duramente retardadas
Do mar Cáspio do meu riso
Baterem nas pedras moles da minha segurança
Eu vou me banhar num fumegante rio
Para que muito além do meu calcanhar
Seja meu corpo todo uma bonança.

Teimosia que não quer eu seja o sapo que se transforma em príncipe
Mas que que eu seja o sapo que devora auroras.
Teimosia que não que que eu seja o cão
Que se faz de anjo de luz para iludir e enganar
Mas o cão que ladra para a luz da lua
Para acalentar o sono e sonhar.

E em todo esse emaranhado
Minha mais nobre atitude
Foi em cada lugar que passei ter deixado
Um pouco de meu pecado e de minha virtude.

Marcio Rufino

domingo, 3 de julho de 2011

Os Covardes Também Cantam Canções de Amor

Pediu perdão aos dois homens que estavam à procura de gato nos postes da Light e foi entrando no armazém do seu tio Anestor.
___ Tio!
___ ...
___ Em qual momento da vida se ganha o direito de matar o sentimento mais singelo para dar vez ao sentimento covarde?
___ Ao redor da crosta polar ainda habita o calor de Anésio, o Senhor do que foi prometido, porém negado. Ele exala por suas vias anais o ar rarefeito capaz de sucumbir a mais temível serpente Blanquítova, cujo corpo, se estende por continentes. Assim como, pode estraçalhar o anjo Moquleniel que traz em suas mãos, jazidas capazes de cegar a mais vil das criaturas com o Amor Divino.
___ Tende dito a mais pura verdade sobre o que os antigos livros se omitem a revelar. Mas, em qual momento da vida o sonho dá espaço à catastrófica realidade?
___ No momento
em que
foram esculpidas na mágoa
o canto sombrio
daqueles que peregrinam
pela genitália da noite
colhendo os frágeis fragmentos
dos seres que em bizarros
acalantos
se anestesiam durante
a demência do dia.
Nos olhos de quem porta à dentro entrou, carregando suor, furor, cimento. Na tentativa. Na expectativa de que os folclores que lhe faziam recolher a palavra estendida no ar, pronta para ser sepultada no esquecimento fossem explicados, e que suas temerosas dúvidas sumissem nas sombras como anjos fugindo dos dogmas paradisíacos. Não mais restava a esperança de um dia ter a sua alma purificada, por condena-la, destruindo premeditadamente, uma folha de samambaia.


Do livreto "Os Covardes Também Cantam Canções de Amor" de Sergio-SalleS-oigerS
.2000 - Gambiarra Profana / Folha Cultural Pataxó


CHAGAS



As chagas que levarei daqui
São as feridas que rasgam
Meu corpo
Provas que sobrevivi
Às luas de Júpiter
Que tentaram
Manter-me
Sob grades
Desde que
Nasci