terça-feira, 12 de maio de 2015

AINDA EXISTEM SALAS ESCURAS




Às vezes olho o copo em cima do balcão
E vejo as caminhadas que era obrigado a fazer olhando todos os lados
Ainda encontro vestígios daqueles dias
Ainda encontro marcas da terra que engoliu o meu corpo.

O relógio ficava no lado direito da entrada
No meu lado esquerdo eu colocava minhas anotações
Eu acreditava nelas sem imaginar que se perderiam
Mesmo depois do abraço ao redor da lagoa
Mesmo depois da luta para se livrar dos riscos no corpo
E das sequelas, sempre imortais.
Mesmo depois dos gritos de euforia após tanto tempo de silêncio
Na praça onde os muros foram derrubados ao lado de amigos que nunca mais veria.

Nunca gostei de telefone
Deixava tocar, tocar, até a ligação cair
Quando subi o morro encontrei a palavra
A jaqueta que eu usava era jeans
A calça e a camisa por baixo da jaqueta também
Mas são tantas palavras, que ficaram embaçadas,
Procurei meus óculos
Mas havia esquecido em casa.

Ainda tenho o copo e os bares
Ainda tenho corpo
E ainda encontro os vestígios.