quarta-feira, 1 de junho de 2011

Indócil Idílio




Devido a feroz solidão que em meu peito aperta
Eu nem me dou conta da reluzente estrela cadente
Que bem devagar e sem cerimônia despenca na nossa frente
Dizendo que a luz que aponta para o nosso futuro é muito incerta.

Era uma noite melancólica
Os comércios estavam fechados
Nossos passos eram largos
E a gente passeava pela rua bucólica.

As coisas aparecem e desaparecem sem deixar rastro
No mundo tudo passa muito rápido
Os pensamentos se diluem como se tomassem ácido
Ou se quebram com facilidade como vaso de alabastro.

Este seu ar de quem subjugou toda uma cilvilização
E percebeu que isso não valeu de nada
Lembra o soldado que, aleijado, tenta manter a guarda.
Tudo cai aos nossos pés; cidades, pessoas, menos um coração.

Conforme nossos atos, podemos ser na vida animais ou vermes
Mas sempre estamos atrás de algo que se reproduza
Acho que em outra vida fui a espada com a qual Perseu cortou a cabeça da Medusa
Ou com a qual Judite cortou a cabeça de Holofernes.

De meu ser e minha gente sou orgulhoso
Amar a mim e a meu povo é o que me resta.
Nunca diga que uma pessoa não presta
Pois cada ser-humano é um mistério mavioso.

Enquanto julgavas que era para teu pé um calo
E na tua vida nada mais que um peso morto
Eu me perdia nas matas negras do teu corpo
E descobria que teu coração morava dentro do teu falo.

Quem haverá de salvar nossa juventude alada
Enxugar suas lágrimas de Alexandre castrado
Que chora amores perdidos do passado
Lamenta toda sua virilidade prostrada?

De tudo que não é do bem eu tenho asco
Mas o meu sonho é nós nos entendermos sem compromisso
Botarmos para fora todo desejo reprimidamente omisso
Rei Salomão e a Rainha de Sabá fazendo amor numa cama de Damasco.

Sei que de meu opróbrio não sou digno de redenção
Cabe a mim gemer o gemido atroz da ema
Queria ser mais imortal do que um lindo poema
Mas minha humanidade é a minha real maldição.

Nosso caso com muita dificuldade respira
Nas veredas tortuosas de suas artérias
Morrendo para dar vida a outras matérias
Na superfície da minha pele que transpira.

O lance é mandarmos o medo para um lugr onde ele se debande
Resgatamos nossa sinceridade perdida de criança
Reconquistarmos com labuta nossa auto-confiança
Pois dizer "eu te amo" é uma responsabilidade muito grande.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados
Imagem: Google

2 comentários:

  1. Odeio um "Um eu te amo"falado como bom dia,as pessoas deveriam entender que falar isso é algo muito sério.Amei seu texto,fica com Deus

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  2. Bom dia menino, vim retribuir o carinho e a visita la no CASA e te desejar um l indo fim de semana.
    As vezes o silêncio cabe melhor que palavras....lindo texto!
    Bj e obrigada de coraçao
    Valeria

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