sábado, 8 de janeiro de 2011

Ficções




Eu quero todos os sonhos
Eu quero toda as ilusões
Eu quero toda as mentiras
Eu quero toda as ficções.

Que venham os reis
Que se intrometam as bruxas
Que apareçam as princesas
Que renasçam os magos.

Vamos brincar de tudo
Que aceitemos as verdades lúdicas
Que trespassam o insosso da realidade
E sejam elas de utilidade pública.

Que o pensamento seja a máquina do tempo
E o chão palco abençoado
Onde nós atores indisciplinados
Captemos ondas de gozo e burilamento

Os personagens que ainda não nasceram
Se despregaram um dos outros
Onde até então se roçavam nus e inconscientes.
Que eles tomem pensamento, corpo e roupa.
E partam para a ação intensamente.

Não os conheço, mas eles já gritam em meu ouvido
Querendo que eu dê-lhes a luz com meus dedos e minha mente
E eu finjo que os ignoro, enlouquecendo-os
E eles me enlouquecendo num só gemido.

São piratas, prostitutas, imperadores,
Gays, padres e doutores.
Monstros, príncipes, bandidos,
Donas de casas, crianças e mendigos.
Anjos, duendes e anônimos,
Fadas, ninfas do bosque e demônios.
Malandros, homens sérios, falsos morenos,
Verdadeira louras, falsas virgens, nós mesmos.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados

4 comentários:

  1. O brincar com o concreto e o abstrato nos apraz.

    Somos um pouco de todas as coisas, de: Magos, princesas, príncipes, bruxas e fadas.

    Assim como estamos fundidos no universo, mesmo que ele não precise de nós, certas coisas nos estão intrínsecas...

    Viajei em teu poetar sublime e perfeito, até arrisquei-me nuna interação... rsrs

    Abraços

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  2. Lindo seu poema Márcio! Sou cada dia mais sua fã!
    Beijos!!

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  3. Vamos brincar de tudo
    Que aceitemos as verdades lúdicas
    Que trespassam o insosso da realidade.

    Amei o poema. Já sou seguidora do blog.

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  4. Não é a toa que Camilla diz: "Poeta divino".

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