Eu saio pelo portão
Fico na beira do caminho e ninguém vê
Do outro lado tem um córrego
Onde os peixes brincam
De construir um lar
Eu sei que o caminho do portão
Até o córrego tem árvores
E as sombras estão ali
Para que eu possa descansar
O corte está no meu corpo
E nada poderá tirar
É uma marca que ficará para sempre
E não importa mais
Porque a rodoviária fica bem perto
E todo hora sai um ônibus para o oeste
Já li tantos livros
E vi tantos filmes
Por isso sei quer Dardo tem seu lado da floresta
E ali os pássaros são livres
Eu chego perto da janela
E ela está fechada
Nunca está aberta
Mas olho pela vidraça
E vejo que do outro lado
Tem um Van Gogh
Um Van Gogh
E eu sei que por mais que eu queira
Por mais que eu queira
Eu nunca estarei ali
No fundo
O arqueiro é encoberto pela fumaça
E a liberdade não existe em nenhum lugar
Nem em Vênus
E só ler Nuvens
Ou ler as palavras
Do Livro que há séculos está em todos os bancos de
madeira
O dia passa
E a noite vem
Por mais que a moto
Percorra a estrada beirando o muro
Da linha do trem.
Arnoldo Pimentel
O dia passa e a noite vem...e assim passam os tempos mas nós temos a obrigação de elogiar o que é belo e que nos encanta.
ResponderExcluirLindo seu poema Arnoldo, deixo meu abraço fraterno
Nicinha
Poeticamente realista e bem elaborado... Parabéns poeta e amigo!
ResponderExcluirA janela sempre presente na sua poesia é uma constante do teu olhar que sempre enxerga além dela.
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