É tão bom viver numa casantiga
No meio do mato
Entre verdes pastos
Sentindo uma brisa amiga.
Casa coberta de telhado
Pra quando a chuva cair
A gente melhor escutar
Velho moço tocando violão
Pra quando avião passar
A gente nem olhar.
Grandes árvores
Dando gostosos frutos pra gente comer
E dos arranha-céus e das torres de babel
A gente se esquecer.
Feijão mineiro, arroz carreteiro, que amor.
Salada sem vida e sem cor de restaurante, que horror.
Uma galinha e seus pintinhos. Observo.
Para as mães não jogarem mais seus filhos no lixo
A Deus peço.
Morro alto pra gente se matar de subir.
Pras escadas rolantes dos shoppings num tô nem aí.
Leite fervido da vaca. Me acabo.
Leite em pó. Milk shake. Recusado.
Trotar de cavalos puxando carroças. Legal.
Barulho de motores de automóveis. Infernal.
Borboleta saindo de dentro da crisálida. Adoro.
Rato saindo de dentro do esgoto. Ignoro.
Na rede à tardinha me ajeito.
O colchão duro e fino da cama. Rejeito.
Pelas velhas lendas desta terra. Me interesso.
Estórias de Batmans e Rambos da vida. Despreso.
É a natureza. A criação. A verdade.
A origem. A revelação. A identidade.
De um povo. Uma vida. Uma nação.
Uma cultura. Uma dignidade. Uma canção.
Perdidos no meio do nada.
No meio da caatinga.
No meio da estrada.
Dentro de uma casantiga.
Marcio Rufino
(Todos os direitos reservados).
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